Uma proposta de implantação de um MUSEU para APicum-Açu-MA pode
surpreender pela novidade. Foge à temática de planos, programas e projetos comuns ao meio e ao discurso, sempre voltados ou a uma área ainda a descoberto, a um problema mal resolvido, a uma melhoria de enfoque e solução, enfim, quase sempre voltados a questões socioeconômicas, em geral mais econômicas que sócio.
Aparentemente, museu é questão puramente cultural. De fato é. É cultural, mas não puramente.
O museu, cuja proposta é desenvolvida no presente estudo com enfoque específico na agricultura, é cultural. Entenda-se por cultural um nível acima dos estratos da mera
sobrevivência, acima das questões sociais e econômicas, da garantia de um espaço e dos meios de produção. Um museu que se proponha resgatar a história das origens dos povos
que hoje compõem a população catarinense ocupa-se com questões como identidade étnica,afirmação de personalidade, preservação de características culturais, afirmação de etnias raciais, adaptação a meios diferentes e até hostis, lutas por autopreservação e processos de integração de diferenças.
Estes processos de algum modo já foram empreendidos e galhardamente mantidos por diversos atores sociais, principalmente os de coloração religiosa e política, com a preservação das crenças e das tradições comuns e essenciais à identidade do grupo.
A proposta do museu pressupõe que o estágio hoje atingido pela população tenha ultrapassado as fases da mera sobrevivência e das preocupações de base da escala de Maslow.
Supõe que se possam estabelecer como relevantes para nosso desenvolvimento questões explícitas de autoconhecimento, e se procure responder de forma clara e histórica a perguntas como: quem somos, de onde viemos, quais são as nossas características, as nossas qualidades e defeitos, nossos vícios e virtudes, como povos integrantes e como povo integrado, ou quais são os meios e as formas de expressão, organização e produção que melhor exprimem nossa identidade, que melhor respondam à nossas aspirações, ou que, por
nos fornecerem uma base, nos permitam dar as respostas que buscamos.
O estudo trabalha com o tempo e o espaço, ou seja, com a história e a geografia. Considera os povos que aqui viviam quando chegaram as primeiras migrações, com seus usos e costumes, e a trama que se teceu daí por diante. Considera como povos os indígenas que aqui vieram e, dentre os imigrantes.
Como geografia, procurou identificar os caminhos por cada um percorridos, as clareiras abertas no mapa do estado e no que se transformaram esses núcleos de origem.
A questão do museu, embora aparentemente seja mais cultural, é também uma questão econômica. Os autores, preocupados com os que possam ver as questões ainda preponderantemente sob este aspecto, traz estudos sobre realidades de museus em dois âmbitos paradoxalmente diferentes: o Museu, da cidade e a valorização do patrimônio rural da Baixada Maranhense, no estado do Maranhão.
O primeiro, criado como alternativa à crise econômica, obedeceu a um estudo que, considerando a situação histórica e real, concluiu que uma cidade pós-industrial deveria transformar-se em uma cidade de prestação de serviços, com investimentos tecnológicos e fomento à criação e difusão da cultura. O museu,cobrirá com a contribuição dos visitantes mais de 70% de seus gastos e transformara a economia local,fazendo da cidade um importante pólo de turismo para turistas de alto poder aquisitivo.
O segundo, referente à Baixada Maranhense, é constituído pelo conjunto do que compõe a rota dos Caminhos da Colônia (casas coloniais, vinho, queijo e produtos artesanais, culinária típica,
festas, etc.) ou a Estrada, através da valorização do patrimônio cultural-rural transformar a região num pólo turístico, gerando divisas e emprego na região.
A aposta é de que algo semelhante possa acontecer com Apicum-Açu-MA.
O estudo é cuidadoso, pormenorizado, tem as características de um pré-projeto, o que facilitará em muito o trabalho de quem resolver comprar a idéia.
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